Imagens: Estórias Da História, 2021-2
O Tratado de Zamora, celebrado nos dias 4 e 5 de outubro de 1143, resultou de um encontro entre Afonso Henriques – Conde de Portucale e o seu primo Afonso VII, Imperador da Galiza, Leão e Castela. O acordo visou o reconhecimento do título de Rei a Afonso Henriques e a independência do Condado Portucalense, futuro reino de Portugal. O território foi consolidado e a data de 5 de outubro de 1143 é considerada a da fundação da Nação.
Além das rivalidades políticas entre o Condado Portucalense e a Galiza, também o alto clero procurava a supremacia, nomeadamente quanto a uma rivalidade entre os bispos de Santiago de Compostela e Braga. Afonso Henriques venceu a sua mãe D. Teresa na batalha de S. Mamede, junto a Guimarães, na defesa da separação dos interesses do Condado face aos da Galiza e contra a família Trava. Passaria a assinar os documentos imediatamente a seguir à sua mãe, aprovando a respetiva administração.
Anos antes do tratado (1139), o sucesso da batalha de Ourique contra os muçulmanos foi um marco decisivo. O encontro colocou um término aos conflitos entre Portugal e Galiza, Leão e Castela. Afonso Henriques intitulava-se “rei” e aproveitava uma instabilidade política para alargar os seus territórios, fazendo até incursões na Galiza. Afonso Henriques conseguiu a legitimação do seu título e da independência do seu condado por parte do seu primo. No acordo assinado em Zamora, no dia 5, Afonso VII reconheceu a D. Afonso Henriques o título de “rei”. Esteve presente o legado papal, o Cardeal Guido de Vico, um importante aliado no processo de reconhecimento e legitimidade do reino português. O reconhecimento papal, definitivo e que declara Portugal como um reino independente, viria mais tarde, em 1179, pela mão do Papa Alexandre III, com a bula Manifestis Probatum.
Entende-se existir a possibilidade do jovem e rebelde Afonso se ter armado Cavaleiro na catedral de Zamora, tendo-se fixado depois em Guimarães. A lenda do aio Egas Moniz conta que este teria ido a Toledo com a família, como penitente e para se redimir de uma promessa de vassalagem que D. Afonso Henriques não cumpriu perante o rei Afonso VII, obtendo o perdão do monarca. Na realidade, era a sua mãe a detentora do governo do condado.
O Tratado de Zamora perpetuou-se no tempo como uma afirmação da Identidade Nacional, para a construção de um país que atravessou o período da Reconquista Cristã, com o apoio dos Cruzados e dos Cavaleiros Templários, e que definiu as fronteiras mais antigas da Europa, por meio do Tratado de Alcanizes (1297), assinado entre o rei D. Dinis e Fernando IV de Castela.
Fontes:
Academia Portuguesa da História (2010). História dos Reis de Portugal: Da fundação à perda da independência (vol.1). Coord. de Manuela Mendonça. Lisboa: Quidnovi.
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