Rota das igrejas e capelas do Rosmaninhal

Rosmaninhal – Freguesia do concelho de Idanha-a-Nova, distrito de Castelo Branco, é a maior freguesia do concelho de Idanha-a-Nova e uma das maiores do país, situada a se e com uma área de 26,590 hectares.

A freguesia é delimitada a nascente pelo Rio Erges, a sul pelo Rio Tejo e a poente pelo Rio Aravil.

A freguesia possui um património natural muito extenso, onde a fauna e a flora abundam e a morfologia dos terrenos e a proximidade com os caudais de água o tornam diversificado.

No entanto o Rosmaninhal actual é o resultado de gentes e sociedades que aí viveram e que procuraram soluções mais ou menos ajustadas às suas necessidades.

Das necessidades referidas foram produzidas obras materiais e espirituais, tendo algumas perdurado pelos séculos, sendo fundamentais para o património.

O Rosmaninhal é uma das povoações raianas que mais templos possui, quer dentro da povoação, quer na periferia.

Estes templos são um testemunho intemporal da importância e do lugar que as divindades e os Santos ocupavam na vida dos seus antepassados.

O património religioso edificado abrange actualmente duas igrejas, Matriz e Misericórdia e seis capelas, São Roque, S. Pedro, São João Baptista, Santo António, Divino Espírito Santo e Santa Madalena. O tempo encarregou-se também de fazer desaparecer outras capelas, (S. Tiago, Santa Marina e São Domingos).

Com a quantidade de templos existentes no Rosmaninhal, surge a ideia da criação de uma rota das igrejas e capelas do Rosmaninhal.

A rota das igreja e capelas vai não só permitir aos interessados conhecer o património religioso, mas também a vila do Rosmaninhal, assim como disfrutar de paisagens magníficas numa bela caminhada com previsível de 5 horas.

Capela de S. Roque

Na bela entrada do Rosmaninhal vindos da direcção do rio Ponsul encontramos a capela de S. Roque. A sua construção data provavelmente do ano de 1632, durante o reinado de Filipe II.

Esta capela foi requalificada em 1998, onde foi descaracterizada e empobrecida, tendo o seu altar-mor sido retalhado e reduzido. Capela composta por uma nave. Do lado do Evangelho, apresenta um púlpito quadrangular. A capela-mor de área rectangular é antecedida por um arco de volta perfeita.

O orago da Capela é S. Roque, sendo sempre sua imagem representada com um cão aos pés, coxa ferida e um pequeno menino que lhe coloca o dedo na ferida. Calça botas altas e possui um chapéu de romeiro. O edifício está orientado de nordeste para sudoeste. Outros santos estão expostos na capela.

Capela de S. João Baptista

Esta capela data provavelmente do ano de 1621, reinado de Filipe II. De acordo com a tradição esteve abandonada até meados do séc. XX. Sofre em 1982 obras de beneficiação, sendo-lhe acrescentado o actual alpendre.

No dia 24 de Junho de 2001 o povo do Rosmaninhal uniu-se junto à capela para inaugurar as grandes obras de beneficiação.

A capela tem orientação nascente poente onde se encontra um cruzeiro. Templo de grande simplicidade composto por uma nave, capela-mor e sem sacristia. Não possui pia de água benta.

A imagem de S. João Baptista, com cariz do séc. XII está envolvida em pele de animal, evidenciando a anatomia do busto e das pernas, sendo símbolo da honestidade.

A Igreja celebra a 24 de Junho o nascimento de S. João Baptista.

Igreja Matriz ou Sra. da Conceição

A igreja Matriz está situada no topo da colina mais alta da aldeia onde outrora existiu o castelo. Tem uma localização distinta ao núcleo da povoação e das casas que a rodeiam.

A igreja possui orientação nascente-poente, com três naves, sem transepto. As naves laterais estão separadas da nave central por pilares de pedra oitavados com pseudo-capitéis e bases simplificadas que sustentam arcos de volta perfeita. Com cinco pilares de cada lado sendo o último adossado a um arco triunfal, igualmente de volta perfeita. A cabeceira da igreja é formada pela capela-mor e por altares colaterais. Os altares colaterais são simples um dedicado ao Sagrado Coração de Jesus e outro a Nossa Senhora de Fátima.

Infelizmente a talha dourada primitiva foi retirada da capela-mor durante a grande intervenção na Igreja em 1956.

Salienta-se a existência de três pinturas que possivelmente terão sido efectuadas entre 1500 e 1530.As imagens representam uma delas Nossa Senhora, S. João Baptista e Santo António.

O orago da igreja Matriz é a Nossa Senhora da Conceição com a imagem situada do lado do Evangelho na capela-mor.

  1. João IV em 6 de dezembro de 1644 resolveu que todo o reino tomasse como protectora Nossa Senhora da Conceição. Em março de 1646, colocou a coroa na cabeça da imagem da Nossa Senhora da Conceição declarando-a Rainha dos Reinos e Senhorios de Portugal.

Nunca mais os reis portugueses usaram coroa.

Igreja da Misericórdia

Situada na rua do Arrabalde, apresenta paredes autoportantes, com um sistema de contrafortes, composta por uma planta longitudinal, composta por nave, dividida em dois tramos, com o primeiro ocupado por um coro-alto, capela-mor e sacristia, na sua fachada posterior.

Terá sido construída a partir dos finais nos séc. XVI, em terrenos doados. A igreja possuía nessa data duas casas contíguas para recolha de enfermos, onde ainda se podem observar as ruínas.

No campo social esta igreja visava a prática das catorze obras da Misericórdia, preconizadas pela Rainha D. Leonor, sete corporais e sete espirituais:

Cuidados corporais: Dar de comer aos famintos, dar de beber a quem tem sede, cobrir os nus, curar os enfermos, reunir cativos e visitar presos, dar pousada aos peregrinos e pobres, enterrar os mortos.

Obras espirituais- Dar bons conselhos, castigar com caridade, consolar os tristes desconsolados, visitando-os, perdoar as injúrias a quem ofende, ensinar os simples, sofrer as injúrias com paciência, rogar a Deus pelos vivos e pelos mortos.

O orago da igreja da Misericórdia é a Virgem do Manto Azul ou da Misericórdia.

Capela de Santo António

Esta capela remonta provavelmente ao ano de 1602, durante o reinado de Filipe II. Durante o séc. XX foi deixada ao abandono tendo ruído completamente.

Os registos fotográficos apontam para um edifício maciço de espessas paredes de xisto, sem janelas no corpo do templo, tendo, no entanto, duas na frontaria.

Capela reconstruída em 1988 graças à acção de um casal, tendo sido reformada de raiz.

Situada em área rural, junto ao caminho de acesso ao Vale da Morena, estando orientada de nascente para poente.

O edifício é composto por uma nave de pouca altura, antecedida por alpendre, capela-mor e sacristia. Um arco triunfal dá acesso à capela-mor. O seu orago é Santo António em cuja mão direita ostenta a Cruz e a palma da mão esquerda a Bíblia.

Capela de S. Pedro

Construída no séc. XVII durante o reinado de Filipe II, tendo sofrido grandes intervenções de vulto, sendo reconstruída em 1964.

O orago desta capela, é conhecido por dois nomes, Simão e Pedro, sendo a sua festa litúrgica a 29 de junho.

Localiza-se no núcleo urbano, num outeiro ligeiramente inclinado, no Bairro de S. Pedro.

Com orientação nascente poente é rodeada por um amplo adro onde se encontra no seu alçado principal o Calvário.

Edifício composto por nave, capela-mor e sacristia, antecedida por alpendre.

A capela-mor encontra-se separada da nave por uma pequena balaustrada de madeira, possuindo um altar, onde se encontra o orago.

Uma das tradições desta capela, agora em desuso, era sentar os rapazes e as raparigas aos pares na balança presente no alpendre e quem pesasse mais era obrigado a contribuir monetariamente para a festa. Quando se sabia que a rapariga pesava mais, o rapaz aumentava o seu peso com pedras nos bolsos.

Capela do Divino Espírito Santo

Apresenta um portado com características do século XVI.

Devido ao estado de abandono esteve também na iminência de ruir completamente.

DE 1936 a 1956 substituiu a Igreja Matriz até à reparação total desta, tendo sido restaurada em 1975 e 2014. Capela aberta ao público com missa regulares.

O calendário Gregoriano celebra a festa do Espírito Santo 50 dias após o domingo de Páscoa, no domingo de Pentecostes.

A imagem do Espírito Santo está concedida num só bloco, a ideia da tríade divina. A intenção da imagem é representar as três pessoas da Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo.

O Pai representado pelo velho, o Filho é o crucificado e o Espírito Santo é representado pela pomba. O culto do Espírito Santo é atribuído aos Templários, tendo a Rainha Santa Isabel promovido a expansão desse culto.

Esta capela situa-se dentro da malha urbana, no bairro da Devesa. A sua orientação é nascente-poente, onde se situa um belo cruzeiro.

O sistema construtivo da capela é baseado em contrafortes exteriores de perfil curvilíneo, sendo nove esses perfis.

A capela é composta por nave, capela-mor e sacristia na sua fachada lateral esquerda.

Na parede frontal da capela-mor encontra-se a imagem da Santíssima Trindade que poderá ser do séc. XVII.

Capela, ermida de Santa Maria Madalena

Tal como as anteriores será do séc. XVII, tal como o nome indica o orago é Santa Maria Madalena.

Situa-se a cerca de três km da povoação ao lado da estrada que liga o Rosmaninhal às Soalheiras.

Tal como as anteriores possui uma orientação nascente poente.

Capela de planta longitudinal, constituída por dois corpos, um correspondente à nave, a outra à capela-mor. O seu sistema construtivo inclui três contrafortes exteriores de esbarro, de perfil rectilíneo.

É o único templo da freguesia que não possui arco triunfal de pedra a separar a nave da capela-mor, pois apresenta um arco de volta perfeita em alvenaria.

A devoção nesta capela cumpre-se na segunda-feira de Páscoa, onde o povo do Rosmaninhal realiza a sua romaria à Santa.

Á volta desta romaria acontecem as mais diversas tradições.

Este pequeno trabalho visa somente apresentar muito levemente algumas das potencialidades do Rosmaninhal. Mas não substitui uma ou mais visitas a esta bela freguesia, onde não se incluem as povoações das Soalheiras, Cegonhas e Couto dos Correias.

Este conhecimento e esta proposta para esta Rota só foi possível com a ajuda dos amigos da Junta de Freguesia do Rosmaninhal, Joaquim Chambino e Piedade Gonçalves, Carlos Torres, a delegação da Associação Mar e Saudade que se deslocou à Freguesia e dos responsáveis pelas capelas que deram o seu tempo para abrir as mesmas.

Carlos Gomes – Comenda de Idanhas (OPCTJ)

Idanha-a-Nova, 3 de Dezembro de.2022

Bibliografia

  • CHAMBINO, Mário Lobato (2000) – Rosmaninhal: lembranças de um mundo Vila Velha de Ródão: Associação de estudos do Alto Tejo.
  • PINHEIRINHO, José António dos Santos (2001) – Rosmaninhal: passado e presente: da antiga vila raiana da Beira Baixa. Idanha-a-Nova: Câmara Municipal de Idanha-a-Nova.
  • PINHEIRINHO, José António dos Santos – Igrejas e capelas do Rosmaninhal. (Obra aguarda edição).

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