COMENDA TEMPLÁRIA DE DORNES
“Usualmente chamada de Península Encantada ou Terra Mítica dos Templários, a Vila de Dornes, em Ferreira do Zêzere, está ligada à heroica história da fundação de Portugal. Foi com a reconquista cristã, e a luta pela afirmação do novo reino de Portugal, que Dornes assumiu um papel de relevância.”
Perde-se no tempo a origem do topónimo de Dornes, conforme atestam os vestígios arqueológicos ao longo dos tempos ali encontrados, havendo também referências à Comenda Templária de Dornes já no século XIII.
Nesta terra muito rica em madeira de castanho (soutos) e de férteis solos propícios à agricultura, aproveitando as águas do belo e inigualável rio Zêzere, no seio da humildade dos seus habitantes, nasceram alguns bravos combatentes que por volta de 1650, durante a guerra da Restauração, se baterem nas fronteiras para assegurar a Independência Nacional. Hoje, por ser de rara beleza, é uma das 7 maravilhas de Portugal – Aldeias Ribeirinhas.
É nesta Península de ímpar beleza Templária que foram edificadas a Torre Pentagonal, “vetusta guardiã da Península dos segredos” e a Igreja Paroquial, silenciosa guardadora de memórias.
TORRE PENTAGONAL DE DORNES
A Torre de planta pentagonal em pedra da região, terá sido edificada sobre uma antiga torre Romana, garante da segurança para a exploração de ouro que à época ali se fazia, atribuída a Sertório, general romano de 72 A.C. À época da Reconquista Cristã da Península Ibérica, foi doada à Ordem dos Templários. Exemplo de rara beleza e de arquitetura medieval foi edificada por Gualdim Pais para defesa da linha do Tejo. “Do xisto rude destacam-se os cunhais calcários, onde ainda se podem descobrir as marcas dos canteiros medievais. Também de calcário é a verga da porta, aproveitamento de uma estela funerária, provavelmente visigótica, decorada com símbolos guerreiros (lanças, espadas e escudos).” É possível, aos dias de hoje, visualizar algumas estelas funerárias Templárias ainda intactas, lembrando tempos em que estes cavaleiros defendiam o território das investidas muçulmanas e procuravam sepulcro junto das casas de Deus.
“Com tempos mais pacíficos e perdida a função guerreira, a torre ficou sineira no século XVI, função que ainda hoje conserva. À sua sombra nasceu a igreja, fundada no século XIII e que desde o tempo da Rainha Santa Isabel se encontra associada à lenda e culto da Senhora do Pranto.” Atualmente encontra-se com obras de restauro e está classificada como Imóvel de Interesse Público desde 1943.
IGREJA PAROQUIAL DE DORNES
Cerca de dois séculos depois, enquanto Comenda Mor da Ordem de Cristo teve como Comendador D. Gonçalo de Sousa, homem muito influente e da confiança do Infante D. Henrique, que em Dornes mandou reedificar, em 1453, a Igreja de Nossa Senhora do Pranto. A reconstrução da Igreja foi de muito importante para a povoação, não apenas por ser um local de culto especial, mas também por atrair peregrinações vindas de todo o lado, motivos que favoreceram que, em 1513, lhe tenha sido atribuído Foral Manuelino. Neste contexto foi sede de concelho entre 1513 e 1836, sendo constituído pelas freguesias de Beco, Dornes e Paio Mendes.
Nela, existe ainda aos dias de hoje um órgão de tubos oitocentista, bem como imagens de pedra de Nossa Senhora do Pranto e de Santa Catarina, um púlpito datado de 1544 e um quadro a óleo denominado “Descanso na Fuga para o Egipto”, episódio que retrata o final da Natividade, quando José foge para o Egipto com sua esposa Maria e seu filho recém-nascido, Jesus.
De realçar a beleza do “púlpito renascentista, datado de 1544, formado por cinco fiadas de rosetas tendo por centro a Cruz de Cristo. Apetece libertar a imaginação e pensar que a pedra nos fala do milagre das rosas, prodígio da Rainha que sabia onde encontrar a imagem da Senhora do Pranto. Ou desse outro milagre, operado pelo rei seu marido, quando transformou a cruz do Templo na de Cristo e nestas terras fez crescer o último reduto Templário.”
Não menos interessante é a Pietá (italiano para Piedade, tema da arte cristã em que é representada a Virgem Maria com o corpo morto de Jesus nos braços, após a crucificação. Esta não é a original do século XIII, que segundo a lenda, foi encontrada entre matos por indicação da Rainha Santa. Trata-se de uma obra de artífice seiscentista e que denota alguma rigidez no tratamento da pedra, mas nem por isso menos venerada pela religiosidade popular.
Francisco Agostinho Gomes


Algumas fontes:
- C.M. Ferreira do Zêzere. (2023). Visit Ferreira do Zêzere. Retirado de: https://www.visitferreiradozezere.pt/conhecer-ferreira-do-zezere/dornes/
- SIPA – DGPC. (2016). Torre de Dornes. Retirado de: http://www.monumentos.gov.pt/site/app_pagesuser/sipa.aspx?id=3361
- SIPA – DGPC. (2011). Igreja Paroquial de Dornes. Retirado de: http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=1992


